sexta-feira, julho 25

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PERSONALIDADES PÃO-DE-AÇUCARENSES - ZALUAR SANT’ANA

 

Por Etevaldo Amorim

 

Zaluar Sant'Ana. Foto: acervo Lygia Mendonça.

No rol das personalidades pão-de-açucarenses, há aqueles que são natos e que desenvolvem suas vidas na terra natal; há aqueles que são de fora e se integram àquela sociedade; e há aqueles que ali nascem, mas logo deixam a terra demandando outras plagas.


Zaluar Sant’Ana é um desses. Filho de Francisco Sant’Ana e Silvina Virgínia de Sant’Ana, ambos pão-de-açucarenses, MANOEL ZALUAR DE SANT’ANA nasceu em Pão de Açúcar no dia 29 de novembro de 1904, na então chamada Rua da Frente, atual Av. Ferreira de Novaes.


Segundo o saudoso professor Francisco Reynaldo Amorim de Barros, organizador do ABC DAS ALAGOAS, em 1905 Zaluar é levado a viver no Rio de Janeiro, “mas logo depois sua família volta a viver em Maceió”.


Em 1909, com cinco anos de idade, ingressa na Escola de D. Mocinha Buarque, que funcionava na Praça Floriano Peixoto (Martírios). Em seguida – continua o professor Reynaldo - passa a morar em Aracaju, lugar onde seu pai, um adepto dos Maltas, escolheu para morar, enquanto esperava serenar os acontecimentos que levaram à queda de Euclides Malta. De volta a Maceió, passa a estudar no Instituto Benjamin Constant.


Em 1914, muda-se para Quebrangulo, onde seu pai resolvera ser agricultor. Porém, em 1918, já está vivendo em Rio Largo, estuda no Instituto Nilo Peçanha e é um dos fundadores da Sociedade Lítero-Musical Sete de Setembro.”


“Trabalhou no jornal oficioso A TRIBUNA, do qual se tornou gerente do periódico, transformado em Diário Oficial em 1912. Fez parte da orquestra de cinema ODEON.


Sua família volta a viver em Paulo Jacinto, entre 1920 e 1922, quando seu pai resolve se estabelecer novamente em Maceió.


Começa, então, sua fase de aprendizagem de pintura. E, logo depois, vende o seu primeiro quadro, por meio da Casa Mercúrio, especializada em molduras, vidros e estampas.


Em 1926, na quinta mostra da qual participou, vende alguns quadros, o que possibilitou sua viagem ao Rio de Janeiro, para melhor conhecer a obra e técnica de alguns pintores da capital federal, como Marques Júnior e Antônio Parreiras, além de visitar diversas exposições, entre as quais a retrospectiva de Batista da Costa. Em novembro desse mesmo ano, já está de regresso a Maceió.”


Em 3 de maio de 1930, expôs quarenta quadros no Cinema Capitólio, “reproduzindo trechos magníficos e empolgantes dos deslumbradores cenários alagoanos”, diz a reportagem do Diário de Pernambuco, do dia 10 daquele mês e ano.


Em novembro de 1930, participou da grande exposição de pintores alagoanos chamada “Semana das Cores”, promovida pela Academia Guimarães Passos.


 

Zaluar Santana expondo seus quadros no Rio de Janeiro. Foto: revista Fon-Fon, RJ, 18.10.1930, p. 38.


Foi nomeado, em 22 de maio de 1933, após aprovado em concurso, para o serviço público, como Estatístico Demógrafo-Sanitário, no qual se aposentou em 16 de abril de 1959.

 

 Aldemar de Mendonça, ao se referir a ele, cita matéria publicada na Gazeta de Alagoas de 7 de abril de 1974, pelo jornalista Álvaro Antônio Melo Machado:


“Zaluar Santana é mais um pão-de-açucarense que integra a galeria dos vultos ilustres da terra, posição altamente merecida pelo invejável talento de saber pintar bem, de que é possuidor.

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Ainda rapazinho trabalhou como Guarda Fiscal, no Governo Costa Rego e em 1928 dedicava-se oficialmente á sua verdadeira vocação, trabalhando como desenhista e cartógrafo do então Serviço de Profilaxia Rural.


Zaluar não sabe e nem avalia quantos quadros pintou até hoje, mas destaca alguns referentes a sua terra natal, que são de uma perfeição magnífica, talvez, fruto do amor que o pintor devota a Pão de Açúcar. São eles: “Casinha rústica”, “Tarde Sertaneja” e “Craibeiras Engalanadas”, além de outros. Suas obras estão espalhadas por todo o Brasil, fixadas em academias e nas mãos de famosos colecionadores.


Tem feito diversas exposições individuais e coletivas, nas principais cidades brasileiras. Ainda este mês Zaluar vai expor cerca de trinta quadros a óleo e guache em Brasília, vários dos quais já se encontram na capital federal. Logo após, partirá para uma nova exposição em Aracaju.


O que chama mais atenção nos seus quadros é, sem dúvidas, a arte de projetar luz e sombras nas cenas por ele retratadas.


Ele continua a integrar, orgulhosamente, a galeria dos filhos ilustres de Pão de Açúcar. Breve se tornará um imortal dela e será sempre lembrado pelas gerações futuras de sua terra querida”.

 

Fonte: ABC das Alagoas. BARROS, Francisco Reynaldo Amorim de.


Zaluar Santana. Foto: Diário de Pernambuco, 28.06.1935.


Tela SERRA DA BARRIGA, de Zaluar Sant'Ana.

Zaluar diante de alguns dos seus quadros.


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Zaluar casou-se em Maceió, a 14 de março de 1931, com Marina Lobo Medeiros de Sant’Anna, com quem teve os filhos: Maidir, Milton, Moema, Mário, Marluce, Marcelo, Murilo e Moacyr. Este último, o conhecidíssimo professor Moacyr Medeiros de Sant’Anna, pesquisador, escritor, e que foi por muitos anos Diretor do Arquivo Público de Alagoas.

 

Já contava 93 anos de idade, quando faleceu às 5:20h do dia 13 de janeiro de 1998, na Santa Casa de Misericórdia de Maceió. Residia na Rua Prof. Lavenère Machado, 468, no baixo Trapiche da Barra.


Zaluar Sant'Ana foi também músico. Aprendeu a tocar violino com o seu conterrâneo pão-de-açucarense Américo Castro Barbosa, irmão do Mestre Nozinho.


A Orquestra de Cordas Paganini com Zaluar ao centro, em 1963.


É patrono da Cadeira 26 da Academia Arapiraquense de Letras e Artes.


Fonte: SANT'ANA, Moacir Medeiros de. ZALUAR, UM HOMEM DE MUITAS ARTES. Sergasa, 1987.


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NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo. Tratamento de imagem: Vívia Amorim.

sábado, julho 19

ILHA DO FERRO – UM POUCO DE HISTÓRIA

 

Por Etevaldo Amorim

 

A Arte em Madeira da Ilha do Ferro. Foto: Juliana Justino


Quem não conhece ou já ouviu falar na Ilha do Ferro?!

 

O pitoresco povoado alagoano, situado na margem esquerda do rio São Francisco e pertencente ao município de Pão de Açúcar, tornou-se popular principalmente pelos seus dotes artísticos e culturais, mas também tem como atrativo a singularidade de sua paisagem sertaneja.

 

O bordado “Boa noite”, marca da habilidade e da tradição cultural de seu povo, de há muito se tornou conhecido pelo Brasil afora e até no exterior. Organizadas na Cooperativa Art-Ilha, as artesãs conservam o conhecimento adquirido de seus antepassados e fazem disso uma considerável fonte de renda[i].

 

A arte em madeira também se destaca como formidável manifestação cultural daquela gente, aproveitando o legado do mestre Fernando Rodrigues.

 

A ilha, entre Bonsucesso-SE e Ilha do Ferro.

A ORIGEM

 

A origem do nome se deve à constitução geológica da ilha que lhe fica pronteira, formada de rochas “de caráter siderolítico”, isto é, que tem rochas ferruginosas. O termo tem origem no grego sideros, que significa ferro. A sua formação remonta a um período chamado sidérico ou sideriano, intervalo geológico que ocorreu entre 2.500 e 2.300 milhões de anos atrás, e que foi “marcado por intensas mudanças geológicas na superfície do planeta terra, como a formação de grandes depósitos de formações ferríferas bandadas (BIFs), oxigenação dos oceanos e da atmosfera”.[ii]

Mapa de Johannes Blaeuw, 1647.

Em mapas antigos, como o de Johannes Blaeuw, de 1647, Primeiro Mapa da Capitania de Sergipe Del Rey, que remonta à época da invasão holandesa, aparece a denominação Ilha do Ferro comum às duas margens. No decorrer do tempo, a localidade do lado sergipano recebeu o nome de Bonsucesso, restando o original apenas ao povoado alagoano.

 

O mapa de Halfeld, de 1860, também mostra Ilha do Ferro, ladeada pelas Traíras e pelo Buqueirão, tendo Bonsucesso defronte, na margem sergipana.


O mapa de Halfeld, 1860.


UM POUCO DE HISTÓRIA

 

Cuidaram da educação dos ilha-do-ferrenses os professores e professoras: Maria Jesuina da Costa, em 1894[iii]; Manoel Alves da Costa Lima[iv] e Juracy Lima, em 1929[v] e Regina Emirantina Bello, em 1937[vi].

Aliás, o professor Manoel Alves dá nome à Unidade Municipal de Ensino. Aliás, durante a gestão do Intendente Manoel Pereira Filho (de 7 de janeiro de 1925 a 7  de janeiro de 1928), foi criada uma Escola Municipal, segundo consta da Mensagem do Governador Pedro da Costa Rego ao Congresso Legislativo, na abertura da 2ª Sessão Ordinária da 18ª Legislatura, em 1926.

Há também uma Escola Isolada, construída pelo Estado em 1952.[vii]

Ilha do Ferro foi também marcada pelo naufrágio da lancha Moxotó, em 10 de janeiro de 1917, tragédia inesquecível, que se mantém viva na memória de todos. Para saber mais clique aqui.


Pela Lei Estadual nº 2.284, de 11 de agosto de 1960, foi criado o distrito judiciário de Ilha do Ferro, tendo sido instalado alguns anos depois.[viii]

 

Em 1º de setembro de 1994 foi inaugurado o sistema de abastecimento de água de Ilha do Ferro, obra da Fundação Nacional de Saúde, durante a gestão do prefeito Antônio Carlos Lima Rezende - Cacalo e do presidente da Funasa, o médico pão-de-açucarense Álvaro Antônio Melo Machado.


Por volta de 1965/1968, o povoado recebeu a visita do Major Luis Cavalcante, governador e deputado federal nesse período. A fotografia mostra um povoado humilde, cuja população se mantinha à custa da pesca e da agricultura de subsistência.

 

O povoado Ilha do Ferro entre 1961/1965,


Ilha do Ferro recebe a visita do Major Luis Cavalcante.

A Ilha do Ferro, hoje, experimenta uma era de prosperidade, acolhendo a todos com alegria, e podendo oferecer infra-estrutura para os que a escolhem como para desfrutar do sossego e a paz de espírito que o lugar inspira.

Ilha do Ferro em foto da década de 1990.



Museu Ilha do Ferro

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NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo. Tratamento de imagem: Vívia Amorim

 



[i] BARROS, Rachel Rocha de Almeida. Bordado Boa-Noite da Ilha do Ferro: patrimônio cultural, geração de renda e desenvolvimento regional.

 

[ii] BRASIL MINERAL. MAIOR CONHECIMENTO SOBRE AS ROCHAS SIDERIANAS NO NE. Disponível em:

< https://www.brasilmineral.com.br/noticias/maior-conhecimento-sobre-rochas-siderianas-do-ne>. Acesso em: jul-2025.

 

[iii] Almanak do Estado de Alagoas.

 

[iv] Almanak Laemmert, 1929.

 

[v] REVISTA DO ENSINO, Órgão Oficial do Departamento Geral de Instrução Pública de Alagoas, Ano III, nº 75, maio-junho de 1929.

 

[vi] Almanaque do Ensino, 1937.

 

[vii] MENDONÇA, Aldemar de. MONOGRAFIA DE PÃO DE AÇÚCAR.

 

[viii] MENDONÇA, Aldemar de. MONOGRAFIA DE PÃO DE AÇÚCAR.

Referência: ASSIS, Antônio Xavier de. Esboço Histórico e Geográfico do Baixo São Francisco.

segunda-feira, julho 14

A ESTAÇÃO METEOROLÓGICA DE PÃO DE AÇÚCAR

Por Etevaldo Amorim


A Estação Meteorológica de Pão de Açúcar

Há, em Pão de Açúcar, uma instalação pública de grande importância, mas que, por vezes, passa despercebida àqueles que transitam entre a Av. Manoelito Bezerra Lima e o Conjunto Dom Bosco. 

Caminhando nesse percurso, nota-se, a Nascente, a Estação Meteorológica de Pão de Açúcar. Aliás, a Alameda da Esperança (assim denominada por sugestão do vereador Cliuton Santos, aprovada pela Câmara na Legislatura 1983-1988), abriga um grande número de repartições públicas: o Fórum da Comarca, ladeado pela Escola Estadual Pe. Soares Pinto; a Secretaria Municipal da Educação, e um Anexo antes ocupado pela Secretaria Municipal da Agricultura; a Escola Estadual Bráulio Cavalcante, com seu Ginásio de Esportes, e, numa via perpendicular que leva o mesmo nome: a sede do INSS e o Ginásio de Esportes Dr. Átila Pinto Machado, pertencente ao Município.


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UM AVISO!  Fomos alertados por um leitor sobre a alteração do nome da Alameda da Esperança. Segundo a Lei nº 691, de 14 de agosto de 2024, aquela via é denominada Pedro Vieira dos Anjos. Nossas desculpas. O Projeto aprovado pela Câmara foi de autoria do vereador Edson Lira.

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A Estação Meteorológica de Superfície – Automática A323, como passou a ser denominada a partir de 13/07/2007, quando recebeu uma antena que a elevava à condição de automaticidade nas informações, acha-se localizada nas Coordenadas Geográficas - 9,74916, latitude e 37,430833, longitude, a uma altitude de 20,83m.

Trata-se de estrutura vinculada ao INMET – Instituto Nacional de Meteorologia, Órgão do Ministério da Agricultura e Pecuária, cuja missão “é promover e coordenar atividades para produção de informações meteorológicas tempestivas e relevantes voltadas à mitigação de riscos e ao desenvolvimento sustentável do setor agropecuário, à conservação do meio ambiente e à segurança da sociedade brasileira”. (1)

As principais atribuições do INMET são o monitoramento do tempo e do clima, a previsão do tempo e do clima, emissão de avisos de tempo severo e vários produtos para apoio à agricultura, incluindo pesquisa e desenvolvimento.

Segundo Aldemar de Mendonça, no período de 07/01/1909 a 07/01/1911, durante a gestão do Intendente Pedro Soares Vieira, foi criado em Pão de Açúcar um “Serviço de meteorologia, do Ministério da Agricultura”. 

O respeitável escritor patrício, em seu Monografia de Pão de Açúcar, diz ainda que “O Sr. Joaquim Bezerra fez a doação de um terreno de setenta metros quadrados, para a instalação dessa estação, do Ministério da Agricultura, a qual foi inaugurada em outubro de 1914. A doação foi feita em 9 de outubro de 1912.”

Já o RELATÓRIO APRESENTADO AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL PELO MINISTRO DE ESTADO DA AGRICULTURA, INDÚSTRIA E COMÉRCIO, Dr. José Rufino Beserra Cavalcanti, Volume II, do Ano de 1916, pp. 88 e 89, relacionando os próprios nacionais a serviço daquele Ministério, diz que o terreno para instalação do Posto Meteorológico, com área de 30,00 m², localizado na Lagoa da Porta, foi doado por Manoel Bezerra Lima e sua esposa, em 27 de setembro de 1912, cuja doação fora insinuada por sentença de 11 de outubro de 1912, do Juiz Substituto do Município de Pão de Açúcar." (2)

Segundo idêntico Relatório, do ano de 1923, Pão de Açúcar sediava uma das 55 Estações Termo-pluviométricas sob a responsabilidade do Ministério da Agricultura.

Edições do Diário Oficial da União, de 1938 a 1940, dão conta da existência de uma “Estação Meteorológica” em Pão de Açúcar. Referem-se a um “encarregado”, sem, no entanto, nominá-lo. Falam apenas em uma “mensalista” chamada Anísia Correia de Albuquerque. (3) 

Fato é que, “até o final de 1972, os dados meteorológicos em Pão de Açúcar consistiam apenas em informações sobre as ocorrências pluviométricas, coletadas em um pluviômetro instalado na área externa do então Hospital Regional da F-SESP, pelo Sr. Antônio Oliveira - seu Antônio do Hotel". É o que nos informa o advogado e jornalista Massilon Ferreira da Silva, um dos dois primeiros operadores da Estação. Tomemos as suas próprias palavras:

“No início de 1973 foi instalada a Estação Meteorológica de Superfície, como resultado de um convênio firmado entre a SUDENE, OMM e PNUD(4), que criou uma rede de estações espalhadas por todo o Nordeste do Brasil mais a região de Minas Gerais denominada Polígono das Secas.

A Estação de Pão de Açúcar, como as demais administradas pela SUDENE, colhia diariamente informações e repassava em tempo real ao 4º Distrito de Meteorologia, com sede em Recife. Essas informações constavam principalmente de temperatura do ar e do solo até 1 metro de profundidade, pressão atmosférica, umidade relativa do ar, direção e velocidade do vento, evaporação, precipitação pluviométrica, insolação, cobertura de nuvens, etc..., informações conseguidas pela leitura diária de instrumentos nos horários de 00, 12 e 18 horas TMG. (5)

Os funcionários, profissionalmente designados como Observadores Meteorológicos de Superfície, eram submetidos inicialmente a uma seleção e, em seguida, participavam como alunos de um curso conhecido como Cursinho da SUDENE, em Recife, onde recebiam aulas teóricas de Meteorologia, Física, Instrumento, Nuvem, Matemática e outras matérias, além de aulas práticas em Estação própria, também no Recife, em tempo integral. O curso funcionava nas dependências do Colégio dom Bosco de Artes e Ofício.  

Os primeiros Observadores da Estação Meteorológica de Pão de Açúcar foram Sílvio Bezerra Nogueira e Massilon Ferreira da Silva."


Desde então, a Estação de Pão de Açúcar vem prestando relevantes serviços à coletividade pão-de-açucarense e de toda a Região, fornecendo informações meteorológicas, como previsões do tempo e dados sobre as condições atmosféricas, que se prestam ao planejamento de atividades diárias, prevenção de riscos e otimização de atividades, especialmente na agricultura, no nosso caso.

Em convênio do Município com o 3º DISME (Distrito de Meteorologia), sediado no Recife, trabalhavam como Auxiliar de Meteorologia as servidoras Maria Célia Lima (1984- 2005) e Margarida Maria Lima Ferreira (26/11/1984 a 19/11/2018), esta a encarregada do Serviço. A partir de 2006, contou com a Auxiliar de Meteorologia Juliana Lima Silva, contratada por Empresa à qual foi terceirizado o serviço.


Massilon, Silvio e Margarida, responsáveis pela Estação em diferentes épocas.


Trabalharam ainda dois servidores contratados pelo Município José Rael Ferreira (de 01/02/2013 a 20/12/2020) e Antônio Mamede Neto, que iniciou em 10 de outubro de 2020 e lá está o momento como Encarregado da Estação. 

Segundo informações do Secretário Municipal da Agricultura, Wellington Guimarães, a estrutura é atualmente denominada Estação Meteorológica 82990, e é gerida pelo Ministério da Agricultura- MAPA, tendo como responsável local a prefeitura de Pão de Açúcar, que contratou dois funcionário: Antônio Lira e Antônio Mamede Neto, ficando responsáveis por coletar os dados pluviométricos e manter os equipamentos no seu devido funcionamento.

As observações continuam sendo diárias, nos horários de 9:00h – 15:00h e 21:00h e enviadas para o Recife, por telefone, com toda pontualidade e exatidão.

O Superintendente do MAPA em Alagoas, Jorge Marques e o Secretário Municipal da Agricultura em tratativas visando a melhoria da Estação Meteorológica de Pão de Açúcar.


Acesse dados meteorológicos em tempo real: https://portal.inmet.gov.br/


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Nossos agradecimentos pelas informações a: Massilon Ferreira da Silva, Margarida Maria Lima Ferreira – “Garida” e Wellington Guimarães (Secretário Municipal da Agricultura).

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NOTA:

Caro leitor,

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(1) Site Institucional

(2) O Juiz Substituto era o Bel. Luiz Ignácio de Figueiredo.

(3) Anísia Correia de Albuquerque. Filha de José Clementino de Albuquerque e Cristine Novaes Leal. Nasceu em Pão de Açúcar em 8 de outubro de 1922 e faleceu em Maceió em 30 de novembro de 2003. Fonte: Diário Oficial da União, 22 de setembro de 1939.

(4) SUDENE-Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste; OMM-Organização Meteorológica Muncial; PNUD-Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

(5) Tempo Médio de Greenwich.

domingo, junho 29

UM TREM PARA PÃO DE AÇÚCAR

 

Por Etevaldo Amorim


Estação da EFPA em Piranhas. Foto: Site História de Alagoas


Nos tempos em que, no Brasil, as ferrovias experimentaram significativa expansão, foi construída em Alagoas a Estrada de Ferro Paulo Afonso, graças à influência do Visconde de Sinimbu, então Presidente do Conselho de Ministros (de 5 de janeiro de 1878 a 28 de março de 1880).


Objetivando fazer a interligação entre os cursos Baixo e Médio do rio São Francisco, a via férrea consistia num percurso de 117 km, partindo de Piranhas (então pertencente a Pão de Açúcar) e Jatobá, na Província de Pernambuco. Tendo o seu trecho inicial (de Piranhas a Olhos d'Água, atual Olho D'Água do Casado), inaugurado em 25 de fevereiro de 1881, foi finalmente concluída até Jatobá em 2 de agosto de 1883.


A estrada trouxe, incontestavelmente, muitos benefícios para a Região. Entretanto, até ser extinta em 1964, a Paulo Afonso sofreu muitos revezes, incluindo dois pavorosos acidentes e a pecha de ser deficitária.


Outro ponto controverso foi a concepção do seu traçado. Alguns analistas eram da opinião de que Pão de Açúcar (e não Piranhas) é que deveria ter sido escolhida como ponto de partida da ferrovia, chegando ao ponto de sugerir uma revisão desse trecho, realocando a nova Estação Central.


Comecemos com RELATÓRIO apresentado ao Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil pelo Ministro de Estado da Indústria, Viação e Obras Pública, Miguel Calmon du Pin e Almeida, no ano de 1909, Volume II. Diz o documento, às pgs. 111 e 112, definindo o seu percurso em 115, 853 km:


As zonas trafegadas por esta estrada, sendo por demais secas, áridas e desertas, não se prestam à exploração agrícola, assim como é pouco explorada a pecuária, principalmente pela ausência de aguadas, embora se encontrem aí pastagens medíocres que são aproveitadas pelo gado vacum e caprino.  


O critério que presidiu a confecção desse traçado foi, na opinião do Engenheiro-Chefe do 2º Distrito da Fiscalização, a ligação dos dois trechos navegáveis do rio São Francisco, forçando deste modo, em troca de encurtamento de distâncias, a passagem da estrada por terrenos estéreis ou improdutivos, como hoje se conhece.


A este respeito informa o mesmo engenheiro, fortalecendo a opinião corrente que, se a Paulo Afonso, em vez de sair de Piranhas, partisse de Entre Montes, ou mesmo de Pão de Açúcar, ganharia os terrenos planos e férteis dos municípios de Água Branca e Paulo Afonso, onde se acham situadas florescentes vilas com extensas lavouras de algodão, cana-de-açúcar, cereais, fumo e café, além de futurosas indústrias extrativas e pastoril, com abundância de água e clima salubre; e depois, passando para as encostas das serras de Pariconha e Tacaratu, também de solo fértil, fosse terminar, não em Jatobá, mas alguns quilômetros acima da povoação de Várzea Redonda, com sensível diminuição de despesa e em melhores condições técnicas e econômicas.”


Outro artigo, do correspondente especial do Diário de Pernambuco em Alagoas, publicado na edição de 23 de setembro de 1920[i]


“Maceió, 19 de setembro de 1920. Assim como há indivíduos que são constantemente vítimas de um determinismo funesto, há também empresas que nasceram sob o influxo maligno de um fado adverso. A Estrada de Ferro de Paulo Afonso é uma dessas empresas.


Desde que o engenheiro Krauss foi, em 1868, incumbido de fazer os estudos dessa via férrea, cuja construção se iniciou em 1878, na vigência de uma das mais terríveis secas que tem flagelado o Nordeste, até hoje, aquela estrada ainda não deixou margem à menor compensação para a soma aproximada de 7 mil contos que custou, sendo de quase 100 contos o déficit anual por ela deixado.


Apesar de otimamente construída, a Estrada de Ferro Paulo Afonso tem tido desastres horrorosos dos quais são mais notáveis os que ocorreram a 17 de julho de 1880 e a 20 de janeiro de 1891.


O seu traçado é dos piores, porquanto a sua estação central está situada em lugar cujas condições topográficas são muito desfavoráveis e a sua estação terminal não fica em lugar adequado à larga expansão. Não são melhores os pontos onde se acham as estações intermediárias.


O que o bom senso estava mostrando era que a estrada de ferro deveria partir de Pão de Açúcar ou Entre-Montes, localidades em que se torna difícil a navegação do São Francisco, terminando em Tacaratu, região provida de terrenos fertilíssimos e de excelentes brejos adaptados não só à bovinocultura como, principalmente, à policultura.


Obedecendo a essa diretriz, a via férrea alcançaria Água Branca e Paulo Afonso (atual Mata Grande), verdadeiros oásis no meio de uma zona desértica, onde se levanta somente uma flora de cactáceas.


E bastariam essas duas cidades, que ainda poderiam ser beneficiadas por um ramal da Paulo Afonso para lhe garantir os mais opulentos lucros quintuplicados talvez pelas rendas oriundas de Tacaratu.


Entretanto, na construção da via acelerada predominou o capricho e a cupidez, fazendo-se dispendiosíssimos trabalhos, muitos deles meramente suntuários, e... o resultado é que Paulo Afonso está hoje reduzida a condições de pasmosa e terrível precariedade.


Chega a tal ponto a decadência dessa estrada, que ela não tem uma locomotiva em sofrível estado e todas as vezes que de piranhas parte um trem para Jatobá, é preciso que siga após ele um empregado para ir pachorrentamente apanhando as peças que caem da imprestável locomotiva.


É doloroso que se verifique fatos desta ordem em um país onde há tanta deficiência de meios fáceis de transporte!!”

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Mapa da ESPA. Foto: Site História de Alagoas


Outra opinião nesse sentido partiu do senador alagoano Eusébio de Andrade, que apresentou ao Senado a seguinte Indicação[ii]:


“A Estrada de Ferro Paulo Afonso precisa, para dar resultado compensador ao enorme capital que representa, que tenha o devido desenvolvimento.


O fim que o governo imperial teve em vista, por ocasião da terrível seca de 1877, foi, principalmente, aproveitar milhares de braços dos indivíduos que tangidos e acossados do Nordeste em dolorosa emigração procuravam, pelas margens do São Francisco, o litoral, e nesse sentido, foi decretada a construção a estrada, tendo por objetivo ligar o Alto ao Baixo rio S. Francisco.


O erro do traçado foi logo depois de terminada a construção reconhecido por todos os técnicos. A comissão de estudos, tendo unicamente em vista e preocupada somente em ligar os dois trechos do majestoso S. Francisco pela mais curta distância, esqueceu-se de todos os demais preceitos econômicos.


‘Procurando apenas encurtar a distância, escreveu um dos diretores dessa ferrovia, o saudoso Dr. Mello Netto[iii], a Comissão levou-a para uma zona desabitada, pedregosa e estéril, atravessando enormes tabuleiros de caatingas e pedregosos leitos de riachos secos que só têm água durante a estação invernosa, até chegar ao seu ponto objetivo; quando, entretanto, era evidente que seria preferível estender-se este traçado em melhores condições técnicas e econômicas.’


É urgente, portanto, sanado esse mal, dar à indicada ferrovia outro destino que não o de uma simples estrada de socorro, transformando-a, como tudo impõe, no seio do sertão onde foi plantada, em um elemento real de desenvolvimento, estímulo e auxílio à exploração das riquezas de uma grande zona no território nacional e dando à Nação as vantagens indiretas que as empresas de transporte ferroviário proporcionam.


Sala das Sessões, 10 de dezembro de 1920.”


prossegue:


“A remodelação do traçado da Estrada de Ferro Paulo Afonso é uma medida urgente e inadiável e deve consistir em ligar Pão de Açúcar a Piranhas, e esta vila a Água Branca, Paulo Afonso e Tacaratu.


Em Pão de Açúcar deve ficar a estação inicial daquela ferrovia, porque, além desta cidade (que pode ter o mais belo futuro, visto ser habitada por um povo laborioso e inteligente) é difícil a navegação do S. Francisco e impedida por numerosos recifes, tais como o de Magahen (provavelmente corruptela de Magalhães), pedras da huna e do Mateus.


Partindo a estrada de Pão de Açúcar, poderia ter uma estação no povoado da Ilha do Ferro, outra em Entre-Montes e uma parada em Jacarezinho[iv], onde existe magnífica salitreira, em outros tempos explorada pelos jesuítas.


Também seria de conveniência estabelecer uma estação no lugarejo incipiente denominado Boa Vista. Ligada Piranhas à zona das matas (Água Branca e Paulo Afonso), ampliaria consideravelmente as possibilidades da Pedra e aproveitaria muito ao desenvolvimento daqueles municípios, que são verdadeiros “oásis” no meio da aridez circunjante. Terminando em Tacaratu, a Estrada de Ferro faria reviver uma região esplêndida e dotada de recursos ótimos.”


Tivessem os técnicos e os políticos da época levado em conta todas essas ponderações, Pão de Açúcar poderia ter sido brindada, naquelas últimas décadas do Século XIX, com uma estrada de ferro.


Dá prá imagina o porto repleto de canoas de navios, o intenso traslado de cargas, passageiros embarcando... O trem apita e parte. Transpõe o Cavalete, passa na ponte sobre o riacho Pau-Ferro, ... Uma breve passagem pela Estação da Ilha do Ferro, depois Entre-Montes e segue até o ponto final, em Pernambuco.


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Obra de arte da antiga EFPA. Foto: Ida Wanderley Tenório

Obra de arte da antiga EFPA. Foto: Ida Wanderley Tenório

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NOTA:

Caro leitor,

Deste Blog, que tem como tema “HISTÓRIA E LITERATURA”, constam artigos repletos de informações históricas relevantes. Essas postagens são o resultado de muita pesquisa, em geral com farta documentação e dotadas da competente referência bibliográfica. Por esta razão, solicitamos que, caso sejam do seu interesse para utilização em qualquer trabalho, que delas faça uso tirando o maior proveito possível, mas fazendo também o necessário registro de autoria e a citação das referências. Isso é correto e justo. Tratamento de imagem: Vívia Amorim



[i] DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 23 de setembro de 1920.

[ii] DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 8 de fevereiro de 1921.

[iii] Antônio de Souza Mello e Netto, Diretor da Estrada de Ferro Paulo Afonso. Irmão de Ladislau Netto.

[iv] Não se trata do Jacarezinho de Pão de Açúcar, mas de um povoado situado no atual município de Olho d’Água do Casado.

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

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Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


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PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

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Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia